quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Tempestade



A chuva caia lá fora, formando poças no chão. Lá dentro as lágrimas escorriam pelo seu rosto como as gotas de chuva nas folhas. Ela chorava, enquanto tentava destruir as lembranças que ele deixara. Talvez assim, a dor passasse mais rápido. Tentava com todas as suas forças esquecê-lo, destruindo tudo que lembrava-o, mas a memória, ela não conseguiria destruir.
Ao seu redor jaziam cartas rasgadas e molhadas, com as lágrimas que ela tinha raiva de estar derramando. Restos do que um dia fora um urso com um coração. Fotos cortadas, algumas queimadas
Fora uma decisão difícil. Eles se conheciam há muitos anos, terminar uma história tão longa não era fácil, mas por que agora? Ela lembrava-se constantemente dos planos que eles tinham. Onde pretendiam morar, as conversas sobre crianças, ou mesmo das vezes que eles, abraçados, riam lembrando das coisas que fizeram no passado. Não, ela não esqueceria tão fácil. Talvez isso, em algum momento, doesse menos, mas definitivamente não era agora. Talvez algum dia fosse apenas uma lembrança, mas agora era muito mais que uma lembrança, era uma história que chegara ao seu fim.
Seu telefone tocava, mas ela o ignorava. Não importava quem fosse, ela não atenderia. Agora ela estava sozinha.
A tempestade lá for a refletia seu interior. Um completo caos. Ela queria correr, como os animais corriam para se protegem dos pingos de chuva, mas para onde iria? Suas lembranças iriam junto, a dor iria junto.
Agora martirizava-se. Por que for a tão burra à ponto de deixar-se levar, com a cabeça rodeada de planos de um future incerto? Agora sofria sozinha. O menino provavelmente nem mais  lembrava-se dela.  

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